Imobilidade estudantil

Ao término do 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), no último domingo, 19, o que todos já sabiam aconteceu: vitória de Augusto Chagas, estudante da USP, que encabeçava a chapa da União da Juventude Socialista (UJS), a juventude do PC do B.

A UJS domina a entidade há quase vinte anos e, após as duas eleições de Lula, conseguiu subsídios federais sob a forma de repasses de verbas públicas, além de contribuições, para a organização de congressos que pouco ou nada representam em termos de avanços das lutas estudantis, tal como o encerrado na última semana.

A confirmação da direção formada por militantes da UJS e correligionários, baseada no apoio à política adotada pelo PT nos últimos anos, já causou graves feridas à imagem e à história de lutas da entidade. Fato é que, no passado, eram levantadas bandeiras em favor do monopólio estatal do petróleo, da luta pela democracia, vozes e ações militantes contra a ditadura e o imperialismo, solidariedade internacional a Cuba, presença destacada na campanha pelas Eleições Diretas e pelo impeachment de Fernando Collor de Mello, através das passeatas comandadas pelos "caras pintadas". Na contramão deste passado de lutas, ao qual se junta o período glorioso dos Centros Populares de Cultura - os CPCs da UNE, de onde saíram artistas e intelectuais brasileiros de renome, hoje predomina, da parte das direções da UNE, uma postura imobilista e a defesa das políticas do governo para a educação. É sintomática e patética a atitude passiva e de total silêncio perante as alianças esdrúxulas de Lula com o que há de pior na política nacional: a família Sarney e Collor de Mello.

As recentes diretorias da UNE, após muitos Congressos de “crachás marcados”, afastaram-se cada vez mais do estudantado brasileiro, fazendo com que a UNE perdesse sua identidade combativa, pois preferiram apoiar-se nos braços seguros do governo Lula. Seus principais momentos de deliberação, que deveriam girar em torno do debate democrático, são submetidos às malandragens dos que necessitam manter-se na direção. Opositores são sabotados e tudo, no final, se resume a uma votação orientada pelas lideranças.

No entanto, pelo passado histórico, a UJC defende, apesar da linha política adotada pelos militantes da UJS, a manutenção da entidade como aglutinadora do movimento estudantil. A história já provou que a criação de entidades paralelas, formadas de “cima para baixo”, sem a ampla participação dos maiores interessados, neste caso, os estudantes universitários, não resolve as questões organizacionais.

A UJC é oposição à diretoria atual da UNE e será sempre quando sua direção agir contra os verdadeiros interesses do movimento estudantil e se calar diante das políticas antipopulares adotadas pelos governo. A UJC é oposição à UNE porque “educação não é mercadoria”, e a política educacional não pode continuar sendo a atual, que favorece os tubarões do ensino, permite o crescimento sem freios da iniciativa privada na educação, das universidades-mercado, dos cursos à distância sem fiscalização alguma, do ataque aos direitos dos profissionais do ensino, dos salários rebaixados dos professores. A UJC e o PCB propõem uma mobilização nacional pela reconstrução da UNE, pela retomada da postura combativa da entidade histórica representativa dos estudantes e em defesa da Educação Superior pública, gratuita, de qualidade.

Repressão e ditadura em Honduras!

À COMUNIDADE INTERNACIONAL – PAREM OS MASSACRES CONTRA O POVO HONDURENHO

(Nota oficial da Resistência popular em Honduras)

Tegucigalpa, 5 de julho, 2009 – 21h 13m

A situação em Honduras é de suma gravidade. A reação do povo ao golpe desfechado por militares de extrema-direita no domingo próximo passado é aberta, corajosa e determinada.

Manuel Zelaya é o presidente constitucional de Honduras.

Os militares golpistas estão usando de todas as forças possíveis para eliminar a resistência. Neste momento centenas de boletins de hondurenhos assassinados pelos golpistas chegam de todos os cantos do país. Integrantes da VIA CAMPESINA estão sendo mortos a sangue frio pelos golpistas.

É necessária a intervenção da comunidade internacional para evitar que o massacre prossiga, tenha conseqüências mais trágicas que as que estamos presenciando.

A ação dos golpistas é referendada por apoio logístico do embaixador dos Estados Unidos em Honduras, agentes da CIA e silêncio cúmplice do governo de Obama. Estão tentando ganhar tempo para negociar uma solução alternativa à legalidade constitucional.

O presidente do Brasil Luís Ignácio Lula da Silva tem o dever de tomar atitudes enérgicas e decisivas neste momento. O peso e o significado do Brasil no contexto de países latino-americanos é imenso e uma posição brasileira de franco apoio a Zelaya, à legalidade constitucional e a denúncia dos massacres que ocorrem neste momento – centenas de mortos – será decisiva para a vitória da democracia.

Todas as formas de comunicação com o exterior estão sendo eliminadas pelo regime brutal dos militares – o presidente Michelleti é um títere – na tentativa de evitar que a opinião pública mundial tome conhecimento dos fatos estarrecedores que estão a acontecer aqui, agora, neste momento.

Não há a menor preocupação com vidas por parte dos militares golpistas. Estão eliminando sumariamente civis e buscando e assassinando líderes da legalidade democrática.

O comportamento dos militares golpistas ultrapassa os limites da sanidade.

É necessário que organismos internacionais se façam presente antes que as conseqüências sejam mais trágicas e dolorosas para o povo hondurenho e com repercussões em toda a América Latina, em todo o mundo.

Não existem garantias constitucionais, suspensas pelos golpistas, não existe respeito mínimo às pessoas, Honduras e o povo hondurenho enfrentam o pior pesadelo de sua história por conta de militares e elites e com apoio dos norte-americanos.

É acintosa a atuação de agentes da CIA e do embaixador dos EUA. Está caindo a máscara do governo Obama.

É necessário mostrar aos cidadãos de todo o mundo o que está acontecendo aqui, usar de todos os meios necessários para divulgação, já que a grande mídia é sabidamente a favor dos golpistas e omite e distorce informações e fatos.

Que o mundo, as organizações de direitos humanos, os governos latino-americanos tomem conhecimento da situação e das barbáries cometidas por militares aqui em Honduras e se processe uma rápida ação no sentido de por fim a esse deslavado e criminoso golpe de bandidos travestidos de defensores da democracia.

O povo hondurenho está nas ruas resistindo ao golpe.


NÃO AO GOLPE!
NÃO À BARBÁRIE MILITAR!
FORA DE HONDURAS, EUA!
ZELAYA É O PRESIDENTE CONSTITUCIONAL DO PAÍS!
VIVA O POVO HONDURENHO!

Algumas fotos publicadas pela UJC de Curitiba