O Militante 16

EM DEFESA DE CUBA SOCIALISTA
Abril de 2010

>No último mês, Cuba foi notícia em quase todas as páginas dos jornais e revistas, na TV, no rádio e na Internet. Tudo porque em 23 de fevereiro, devido a uma greve de fome, morreu o cidadão Orlando Zapata Tamayo, suposto preso político. Os fatos, como sempre, foram deturpados e manipulados.

Breve história sobre Cuba

Cuba foi o último país latino-americano a conquistar sua independência. Só libertou-se da Espanha em 1898, num processo liderado pelo poeta José Martí. Em 1848, os EUA tentaram comprar a ilha por US$ 100 milhões, com todos os cubanos dentro1. Após o processo de independência, a tutela política e econômica do EUA foi garantida por governos ditatoriais como o do General Gerardo Machado e o de Fulgêncio Batista, conhecido por fazer da ilha um verdadeiro parque de diversões norte-americano, sede de cassinos e prostituição. Toda a série de abusos contra a pequena ilha só teve fim com a vitoriosa Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos e seus companheiros.

A quem interessa desmoralizar Cuba?

Por que tanta obsessão sobre Cuba? Por que a imagem de Fidel Castro chega até nós como a de um demônio? Fácil! Cuba, sobrevivendo, expõe diariamente as mazelas do capitalismo. Resiste honrosamente a um bloqueio criminoso imposto pela maior potência capitalista do mundo e endossado pelas principais economias do planeta. Existindo, Cuba mostra que saúde e educação públicas e gratuitas de qualidade – bravata na boca dos políticos burgueses (basta ver as campanhas eleitorais no Brasil) – podem ser implantados com sucesso quando as prioridades são outras.

Cuba é, ainda, o país mais solidário do mundo. Enviou médicos ao Haiti, não tropas armadas com fuzis, como faz o governo brasileiro há anos. Cede bolsas integrais de estudo na melhor escola de medicina do mundo a alunos que jamais poderiam arcar com os custos do curso. Tem programas de educação que já zeraram o número de analfabetos em diversos países. Não há grupos de extermínio, sequestros, assassinatos, extorsão financeira para acesso à saúde... Claro está que Cuba é a própria antipropaganda do capitalismo e somente ao imperialismo e a seus defensores interessa o ataque sistemático a um processo histórico e real de construção do socialismo.

Quem foi Orlando Zapata Tamayo

O morto de maior sucesso para a mídia brasileira tinha um extenso histórico de delitos desvinculados da política. Sua morte, no entanto, foi lamentada pelo governo da ilha. “A absoluta carência de mártires de que padece a contrarrevolução cubana é proporcional à sua falta de escrúpulos. É difícil morrer em Cuba, não porque as expectativas de vida sejam as de Primeiro Mundo – ninguém morre de fome, ainda que pese a carência de recursos, nem de enfermidades curáveis –, porque impera a lei e a honestidade2”.

Por que ficar ao lado de Cuba?

Cuba resiste como marco de democracia popular participativa. O processo revolucionário é garantido pela população que, a cada nova investida, vai às ruas defender o governo, como aconteceu no episódio com as chamadas Damas de Branco. Exemplo marcante da democracia participativa foi a realização, em 25/04, das eleições para 15.093 delegados do Poder Popular, posto semelhante ao de vereador noutros países. Em Cuba, os candidatos são indicados, nas assembleias de bairro, pelos moradores de cada localidade. As reuniões se caracterizam pela transparência e a participação maciça. Todos os cidadãos têm o direito de eleger e de serem eleitos, em contraste com outras nações, onde impera o mercado de candidaturas e votos. Não é obrigatório o voto, mas, desde 1976 até hoje, em média, 97% dos eleitores foram votar.

Não há propaganda ruidosa a favor dos candidatos, com carros de som, outdoors, cartazes, promessas eleitorais ou coisa parecida. Nenhum candidato é privilegiado sobre outro. A única propaganda é executada pelas autoridades eleitorais e consiste na exposição das biografias dos candidatos, a fim de que os eleitores possam ter elementos sobre a capacidade para servir o povo de cada um dos candidatos e emitir livremente o seu voto pelo que considere o melhor. A contagem é pública e transparente, sendo realizada logo depois do fechamento do centro da votação.

Aqueles que lutam pelo socialismo devem estar ao lado de Cuba. Acusar Cuba de ser uma “ditadura capitalista” e defender “liberdades democráticas” na ilha é não entender a construção do socialismo em Cuba como processo permanente e árduo de manutenção das conquistas sociais e de avanço da democracia participativa, não da mercantilização do voto, como nos países capitalistas. É fazer coro com a direita e o imperialismo. O PCB e a UJC reafirmam seu compromisso com a Revolução Cubana e seu governo, que contribuem de fato – não só no discurso – para a luta socialista em todo o mundo.



1 BRUIT, Héctor H. O imperialismo. São Paulo: Atual, 1999. p. 54
2 Zapata, um morto útil? Texto disponível no blog da UJC Friburgo.