O militante 17



DERROTAR SERRA NO 2º TURNO

Com o fim do primeiro turno das eleições, o cenário político não apresenta perspectivas de melhora para a classe trabalhadora. O dois candidatos levados ao segundo turno foram escolhidos há bastante tempo por setores dominantes da sociedade brasileira. Somente com a organização de uma Frente Anticapitalista e Anti-imperialista permanente, que se estruture para além dos períodos eleitorais, será possível fazer o enfrentamento radical ao sistema capitalista no Brasil.

Em Nova Friburgo e em quase todas as cidades vizinhas, a ordem dos primeiros colocados na votação demonstrou o grau de maior conservadorismo do nosso eleitorado, profundamente influenciado pela mídia burguesa e pelos políticos de direita, que são maioria na região: o candidato Serra foi primeiro colocado na grande maioria dos municípios. Uma das questões que podem explicar tal resultado foi a despolitização extrema deste processo eleitoral, de que o PT e seu governo são também responsáveis, ao terem abandonado bandeiras históricas da esquerda e dos movimentos populares para disputarem com o PSDB e o governo FHC qual dos dois gerentes do capitalismo brasileiro conquistaram melhores índices de crescimento econômico e de distribuição de migalhas aos pobres.

Desta forma, acabou ganhando vulto o discurso dos moralistas e hipócritas de plantão, que descarregaram seu ódio contra o aborto e o casamento homossexual. Bispos, padres, pastores e mais algumas lideranças religiosas fazem o desserviço de guiar milhares de fiéis pelo caminho do obscurantismo medieval. Uma política pública de saúde digna num Estado laico exige a descriminalização do aborto, bandeira histórica do movimento das mulheres, em defesa do direito pleno aos cuidados com seu corpo. A união civil dos homossexuais já é uma conquista do movimento LGBTT. Retroceder em temas como estes é dar vazão a uma histeria fascistizante e impedir o aprofundamento das discussões sobre as questões sociais. E mais: é permitir que as próximas campanhas “moralizadoras” dirijam-se de forma ainda mais violenta contra os movimentos populares, as lutas dos sem-terra, sem-teto, operários e professores, já bastante criminalizados e perseguidos em vários Estados do Brasil.

O PCB não fará campanha para quaisquer dos candidatos em disputa no segundo turno e anuncia que estará na oposição contra qualquer um dos governos que sair vencedor no pleito. Mas, através da nota “Derrotar Serra nas urnas e depois Dilma nas ruas”, orienta os militantes e amigos do Partido a exercer o voto crítico no PT, considerando que um governo demotucano representaria a retomada do poder nas mãos da direita tradicional. Esta opção significa uma ameaça maior à organização e mobilização da classe trabalhadora, a criminalização aberta dos movimentos populares e, principalmente, a ação desestabilizadora dos governos progressistas da América Latina, em comum acordo com o imperialismo estadunidense.



UM ARRASTÃO DA BURGUESIA VARREU A CIDADE

Nossa cidade foi invadida por cerca de sete mil jovens estudantes de Medicina, reunidos no OREM (Olimpíadas Regionais de Estudantes de Medicina). A Prefeitura já havia sido avisada de que era um risco: toda cidade que já acolheu o evento reclama do saldo extremamente negativo deixado por ele. Não foi diferente em Friburgo: destruíram as escolas que lhes serviram de abrigo, deram prejuízo a comerciantes, não deixaram a vizinhança dormir, numa demonstração de total desrespeito à população friburguense, que, em diversos momentos, foi achincalhada por playboys e patricinhas! Como bem disse o Vereador Professor Pierre, da Tribuna da Câmara, se fossem pobres e trabalhadores, teriam sido presos e autuados por promoverem um ARRASTÃO! Mas, como eram filhinhos da burguesia, “exageraram” um pouco. Que ganhos o evento trouxe para a cidade? Aliás, houve mesmo jogos olímpicos? Não se trata aqui de externar nenhuma postura moralista contra os naturais excessos da juventude, mas de questionar como o desgoverno municipal que aí está permitiu a baderna da elite. Só pra provar que o tal do “choque de ordem” (que foi peça de propaganda do prefeito eleito) só é aplicado contra pobres e trabalhadores.



BRIGA DE CACHORRO GRANDE

Depois do arrastão burguês, a crise tomou conta do governo municipal. Nosso alcaide Heródoto continua afastado por licença médica, por ter sofrido um acidente em uma estação de trem na Suíça (quanta ironia do destino junta!). No seu lugar assumiu o vice, que resolveu governar a seu jeito, fechando a Secretaria de Leitura e demitindo vários secretários, inclusive o antes todo-poderoso “primeiro-ministro” Bráulio Rezende! Dizem que o “premier” de Dermeval Neto será Paulo Azevedo, que pensávamos ter sido definitivamente defenestrado da vida política. Mas, tal qual fênix, eis que ressurge das cinzas, mesmo tendo recebido míseros 6.722 votos na eleição para deputado estadual. O que ninguém podia mesmo imaginar é que a ancestral disputa entre as velhas oligarquias políticas friburguenses (que se reproduz através dos tempos nas lutas entre UDN e PSD, ARENA e PMDB e hoje entre inexpressivas legendas de aluguel) iria se manifestar dentro do mesmo governo!!! Enquanto isso, nosso povo continua sofrendo com os ônibus lotados, passagens caras, aumento da tarifa de água para inclusão do serviço de esgoto (que devia ser obrigatório), saúde, educação e serviços públicos sucateados. É o desgoverno municipal em ação. Olha o voto cebola aí, gente!