Entrevista de Ivan Pinheiro

Entrevista com Ivan Pinheiro, Secretário Geral do PCB - Partido Comunista Brasileiro - divulgada na Palestina e em alguns sítios do Oriente Médio em árabe (clique no link) e em português (abaixo), numa iniciativa da FPLP (Frente Popular pela Libertação da Palestina).
http://www.alfajrnews.net/News-sid-a-a-a-a-aiae-a-a-aa--a-i-i-a-iai-i-ae-iaei--24233.html

1 - O que aconteceu com o Partido Comunista Brasileiro, em 1992?

Em 1992, a maioria do Comitê Central do PCB tentou liquidar o Partido. Eles se aproveitaram dos problemas da construção do socialismo, dos erros que foram cometidos naquela experiência, cujo saldo é positivo, para tentar acabar com o nosso partido. Mas um terço do Comitê Central e grande parte da militância resolveram manter o PCB. Passamos tempos difíceis, na reconstrução revolucionaria do Partido. Tivemos que recuperar nosso registro e nossa legenda juridicamente, refazer toda a estrutura material do partido. Hoje estamos fazendo 18 anos dessa reconstrução.

2 - Desde 1992 até o XIV Congresso, como o companheiro relata a reconstrução do Partido Comunista Brasileiro? O camarada acha que o Congresso atingiu seus objetivos principais?

O XIV Congresso Nacional do PCB (que contou com a prestigiosa presença da FPLP), a nosso ver, marca a consolidação desse processo de reconstrução e cria condições para o PCB crescer com qualidade. Achamos que se não cometermos erros, se mantivermos essa coerência política que temos mantido nos últimos anos, o PCB pode ser um estuário dos revolucionários brasileiros. É claro que esta reconstrução foi um processo difícil nos primeiros anos. A grande unidade que tínhamos no início da década de 90 era manter o PCB. Mas isso não era suficiente; não se tratava apenas de manter o partido pela sua história, como se fosse um patrimônio histórico. Quando começamos a discutir para o que servia o partido, aí começaram a aparecer algumas divergências. Só no fim da década passada é que começa a se manifestar no PCB um consenso hegemônico em torno de algumas questões que marcam esse momento que nós estamos vivendo, e que eu caracterizaria com dois grandes temas: a revolução socialista e o partido leninista.

3 - Onde estão as dificuldades que impedem a unificação dos partidos da esquerda brasileira?

A divisão dos partidos de esquerda não há só no Brasil, é uma divisão que perpassa toda a esquerda mundial, em torno de uma velha discussão entre reforma e revolução. Um partido de esquerda determina sua linha política em função de como ele vê a sociedade. No nosso caso, avaliamos que o fator mais importante desta divisão é a localização de qual é a contradição fundamental de uma sociedade. Nós achamos que, no Brasil, a contradição fundamental da sociedade é entre o capital e trabalho, mas há alguns setores de esquerda que acham que é entre a nação brasileira (incluída a burguesia) e o imperialismo. Daí derivam as divergências, que têm a ver com a possibilidade ou não de fazer aliança com a burguesia. No nosso caso, acreditamos que não existe possibilidade de aliança com a burguesia brasileira.

4 - O presidente Luís Inácio Lula da Silva, considerado da esquerda, como o PCB avalia o governo de Lula referente à política interna e a política externa?

Na nossa avaliação, Lula nunca foi de esquerda; Lula é um democrata, um social liberal. Mas nunca enganou ninguém; quando tomou posse disse que iria fazer um espetáculo do crescimento capitalista. Ele é um sindicalista de resultado que leva isso para o exercício da presidência da república. Na realidade, não existe meio termo: ou se é socialista ou capitalista. Por exemplo, a política econômica do governo Lula é idêntica praticamente à do FHC. Lula nomeou como presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que era presidente do Banco de Boston, um representante do capital. Ele foi nomeado na frente do Bush, antes da posse do Lula. A política externa do governo Lula é a política externa do estado capitalista brasileiro, que chamam de pragmatismo responsável. O centro desta política é fazer o capitalismo brasileiro se transformar numa potência mundial, uma potência capitalista mundial. Já que estamos falando em uma entrevista que tem como público principal nossos irmãos palestinos e do Oriente Médio em geral, um bom exemplo da postura do governo brasileiro na política externa foi na questão da invasão sionista à faixa de Gaza. Lula ficou em cima do muro, fazendo declarações ora para um lado, ora para outro.

5 - Na América Latina, presenciamos muitos fatos importantes, entre eles a chegada de várias personalidades populares ao poder em vários países como Venezuela e Bolívia, além do Brasil, Equador, Chile, Argentina, Paraguai. Como o companheiro analisa este avanço da esquerda na América Latina?

Realmente há um avanço progressista na América Latina, um avanço grande e importante, positivo, mas sujeito a retrocessos e contradições. E é desigual também, com relação ao enfrentamento ao imperialismo, ao ritmo, à qualidade e intensidade das mudanças sociais. Desse ponto de vista, podemos dividir a América Latina em três grupos: um primeiro grupo é mais à esquerda, mais representativo dessas mudanças sociais, como é o caso de Cuba, que inspirou e possibilitou outros processos revolucionários. Temos aí também, neste grupo, os casos da Venezuela, Bolívia e, em menor medida, do Equador. Por outro lado, tem um grupo de países que nós chamamos de governos sociais liberais, especialmente no cone-sul do Brasil, e ai nós estamos falando de Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e Argentina. São experiências reformistas, mas dentro da lógica do capital. Esses governos não têm nenhum interesse em participar de uma articulação continental antiimperialista, como é o caso da ALBA. E, finalmente, na América Latina tem três países cujos governos são alinhados ao imperialismo americano: México, Peru e Colômbia. Foram exatamente estes três países que firmaram acordos bilaterais com os Estados Unidos, os chamados TLCs (Tratados de Livre Comércio). O mais perigoso deles é o governo da Colômbia, o governo Uribe, que é um fascista, que é um verdadeiro narcotraficante, que está transformando a Colômbia numa grande base militar ianque, uma situação que o mundo árabe bem conhece. A Colômbia está virando, para a América Latina, o que representa Israel para o Oriente Médio, ou seja, uma grande base militar terceirizada do imperialismo norte-americano.

6 - As 7 bases militares americanas foram construídas na Colômbia recentemente, além das outras bases no Paraguai e Suriname e em vários países da América Latina. O companheiro pode relatar qual é o interesse do imperialismo americano na América Latina?

É importante registrar que a América Latina passa por um momento de muita tensão. Há três ou quatro anos atrás, quem diria que a América Latina poderia se transformar numa região com riscos de conflitos militares? O imperialismo está prestando mais atenção na América Latina, preocupado com as mudanças que foram aos poucos se implantando; e resolveram tentar dar um basta nessas mudanças. E estão jogando pesado. Reativaram a “Quarta Frota”, que estava desativada desde a segunda guerra mundial. E é uma frota que percorre os mares da América do Sul, Central e Caribe, armada até os dentes. Estão criando mais setes bases militares na Colômbia. O golpe em Honduras já é parte desta agressividade: tem o DNA, as pegadas, as digitais do imperialismo americano, antes, durante e depois. Eles fizeram todo um teatro, de que não estavam por trás do golpe, mas o mundo, pelo menos o mundo mais bem informado, mais politizado, já sabe que aquele foi um golpe articulado pela CIA, pelo Departamento de Estado. O problema dos Estados Unidos aqui na América Latina não é apenas a guerra, porque eles precisam de guerra, para poder vender seus produtos, a sua grande indústria hoje é a indústria bélica, o que nós chamamos de complexo industrial militar. Eles têm três objetivos na América Latina, como em geral no mundo todo: fazer guerras para vender produtos do complexo industrial militar, tentar barrar o processo de mudanças sociais e, em terceiro lugar, se assenhorar, saquear as grandes riquezas naturais que a região tem, mesmo depois de quatro séculos de exploração, muito bem expostos por Eduardo Galeano, no Livro as “Veias Abertas da América Latina”. Eles sabem que aqui ainda há muita riqueza, petróleo e gás em abundância, reservas de água potável, biodiversidade, muitos outros recursos minerais, apesar de tudo que os espanhóis, os portugueses e depois os ingleses e os próprios americanos já saquearam.

7 - Durante 2 décadas, vários acontecimentos mundiais aconteceram, que deixaram os Estados Unidos dominando o mundo, praticando, julgando e punindo seus inimigos, conforme seus interesses e objetivos. Sem o sistema Socialista, sem a União Soviética e com a nova ordem mundial, a globalização, ocorreram mais guerras, como no Afeganistão e no Iraque. Como o Partido Comunista Brasileiro entende as mudanças e estas guerras?

A queda da URSS foi uma derrota para os trabalhadores do mundo todo. Até então o mundo era bipolar, ou seja, havia duas potências, os Estados Unidos e a URSS, que disputavam a hegemonia do mundo em condições de igualdade e isso permitia à URSSS impor uma correlação de forças que garantia, dessa forma, um pouco de paz, paz no sentido da luta antiimperialista, porque a URSS deu solidariedade a muitos países na luta contra o imperialismo. A queda da URSS provocou também um enfraquecimento dos partidos comunistas e de esquerda, dos sindicatos. Durante quase duas décadas, prevaleceu um mundo unipolar, ou seja, um mundo que só tinha um pólo, um pólo capitalista, hegemonizado pelos EUA. A falta da URSS provocou, por exemplo, a perda de direitos trabalhistas no mundo todo e o esvaziamento do papel do Estado, as privatizações. Mais cedo do que imaginávamos, porém, estão surgindo outros pólos no mundo, mas é bom registrar, para que não se tenha no campo da esquerda nenhuma ilusão, que se trata ainda de uma multipolaridade no campo do capital. Mas há também a crise do capitalismo e uma tendência de recuperação do poder de força dos partidos comunistas, dos sindicatos, o acirramento da luta de classes; enfim, há um ambiente hoje mais propício para a esquerda no mundo. Infelizmente, o capitalismo ainda tem bala na agulha, ainda tem gordura para queimar. Apesar de os EUA virem gradualmente perdendo um pouco de sua hegemonia no campo político, no campo ideológico e até econômico, não podemos nos iludir, porque no campo militar o mundo é quase unipolar ainda.

8 - Desde 1947 a ONU, em sua resolução 181, definiu a partilha da Palestina, e o voto do Brasil foi decisivo para a criação do Estado de Israel e para a aprovação das resoluções da Assembleia Geral, que não obrigam as partes as aceitarem. Como o PCB vê o voto de Oswaldo Aranha, e qual é a sua visão sobre o conflito daquele ano?

A meu ver, a decisão da ONU, em 1947, pela criação do Estado de Israel em terras palestinas – em que alguns dos países votantes talvez considerassem a possibilidade de uma coexistência pacífica entre os povos judeu e palestino – acabou se mostrando trágica e desastrosa. Se o Estado de Israel fosse criado em outra região do mundo, como chegou a ser aventado pelos próprios judeus no início do século XX, o sionismo teria dificuldade de formular a ideologia da “terra prometida”, que embasa sua agressividade. A tendência talvez fosse um estado laico. Esta Resolução da ONU foi influenciada por alguns fatores, inclusive conjunturais, como a solidariedade mundial frente às atrocidades cometidas pelos nazistas, no que ficou conhecido como holocausto, cuja existência não se pode negar. Antes da decisão da ONU, a partilha da Palestina já vinha sendo negociada e implementada pela burguesia sionista, com o apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos, estimulando o fluxo de judeus para o território palestino, ou seja, uma ocupação gradual e conflituosa, que já encontrava a resistência dos palestinos. A decisão da ONU, em verdade, veio “legalizar” uma ocupação de fato. Por mais que a antiga União Soviética (que também votou a favor) tivesse ilusões de ajudar a criar um Estado laico e progressista, vendo o grande número de judeus pobres que migravam para terras palestinas, dentre eles muitos comunistas, a criatura da ONU de 1947 acabou sendo hegemonizada pelo sionismo e se transformando numa cunha do imperialismo no Oriente Médio. Ocorre que os ideólogos sionistas supervalorizam o holocausto, como se só os judeus tivessem sido vítimas de atrocidades, manipulando a história e inclusive tentando apagar o papel decisivo que principalmente a URSS e também outros países tiveram na derrota do nazifascismo. Não teve povo que teve mais perdas na Segunda Guerra que o povo russo. E a batalha decisiva se travou em seu território. E o incrível é que valorizam tanto o holocausto provocado por Hitler, que se sentem no direito de cometer qualquer agressão ao povo palestino. E ainda não aceitam que chamemos a tragédia palestina de holocausto palestino, que é como devemos caracterizar, até para chamar a atenção do mundo para o tema. Há décadas o sionismo usurpa as terras dos palestinos, reprime e prende os que resistem, destrói sua cultura, promove uma limpeza étnica nos territórios ocupados. São mais de 11 mil presos políticos e mais de 4 milhões de refugiados, vivendo precariamente nas fronteiras da Síria, do Líbano e da Jordânia.

9 - A ONU sempre teve papel importante em solucionar vários conflitos. Como vê o papel da ONU referente ao conflito palestino-israelense?

A ONU já teve um papel mais importante quando existia a URSS, que tinha um peso muito grande no Conselho de Segurança, inclusive poder de veto. Com a queda da URSS e também com a abertura da economia chinesa, a ONU já não é mais a mesma. Por mais que a China ainda mantenha alguns fundamentos socialistas, o fato de ter grande peso no mercado capitalista mundial limita sua atuação mais independente no âmbito internacional. Hoje a ONU, apesar de algumas contradições e apesar de suas instâncias, que reúnem o conjunto dos países em geral, terem posições mais progressistas, esbarra sempre num Conselho de Segurança que é hegemonizado pelo imperialismo. Desde sua fundação, Israel tem praticado massacres e agressões contra o povo palestino, muitos condenados pela ONU, que efetivamente não teve nenhum poder para punir Israel em absolutamente nada, em função do veto de seu parceiro e protetor, o imperialismo norte-americano. Na faixa de Gaza, Israel praticou vários crimes contra a humanidade e acaba de ser condenado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU e, no entanto, o Conselho de Segurança da ONU não faz nenhuma retaliação a Israel.

10 - Durante mais de 60 anos, Israel praticou massacres contra o povo palestino, considerados crimes contra a humanidade, começando pelo massacre de Deir Yassin em 1948, onde foram assassinados mais de 110 palestinos da Aldeia de Deer Yassin. Lembrando Sabra e Chatila, em 1982, mais de 2000 palestinos foram assassinados brutalmente. Até seus últimos crimes recentemente na Faixa de Gaza, o Relatório de GoldenStone confirmou que Israel praticou massacres contra a humanidade na Faixa de Gaza. O companheiro, como advogado, o que acha que deveria se fazer, e qual a solução para levar os criminosos para os tribunais internacionais? E que atitude as forças da esquerda brasileira deveriam assumir para levar os criminosos de guerra aos tribunais?

Eu creio que todos os democratas, os socialistas de todo o mundo devem continuar uma campanha intensa no sentido de levar para os tribunais internacionais os criminosos de guerra de Israel. Infelizmente, não acho que o Estado de Israel esteja pronto para alcançar uma paz no Oriente Médio. Pelo contrário, o que temos visto é o aumento da agressividade sionista com a expansão dos assentamentos e com o “muro da vergonha”. Com a invasão de Gaza, o cerceamento da liberdade e a prisão de milhares de militantes palestinos, o que Israel tem feito é tentar inviabilizar o futuro Estado palestino, inclusive com a ocupação territorial, a separação de Gaza da Cisjordânia, com assentamentos irregulares e ilegais. O que ocorre é que Israel, com essa política, acaba inviabilizando na prática a ideia da coexistência pacífica (dois povos, dois Estados), simplesmente porque está desfigurando e acabando com o território palestino original. Para se ter uma ideia da resistência de Israel aos direitos do povo palestino, Israel não aceita nem a proposta rebaixada da Autoridade Nacional Palestina de criar um Estado palestino descontínuo, apenas na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. Além de afirmar que “Jerusalém é indivisível”, Israel ainda ameaça retaliar os palestinos se este Estado, limitado e descontínuo, for estabelecido. As forças de esquerda, democráticas e progressistas brasileiras devem reforçar a campanha mundial para levar os criminosos de guerra aos tribunais internacionais, uma das formas de evitar a repetição dessas atrocidades. Os Comitês de Solidariedade ao Povo Palestino têm que se reproduzir em todos os Estados brasileiros e se fortalecer através da unidade de ação, para criar as condições para a realização, no momento oportuno, de um grande congresso ou conferência nacional de solidariedade à Palestina.

11 - Qual é a mensagem, como dirigente do PCB, o camarada manda para o povo palestino e os povos árabes?

Nossa mensagem vai no sentido de dizer para o povo palestino e para todos os povos árabes que, aqui na América Latina, inclusive no Brasil, há uma grande simpatia, uma grande solidariedade à luta desses povos, que devem perseverar, pois a vitória será certa. Mas devemos nos preocupar com o recrudescimento da agressividade sionista e imperialista, pois quanto mais se agravar a inevitável crise do capitalismo, mais recorrerão a guerras de baixa, média e grande intensidade, golpes de Estado e todas as formas de truculência política e militar, para tentar frear a resistência dos povos e saquear suas riquezas.

Cartão de Sidney Moura





* caso não consiga ler, clique para visualizá-lo maior e em melhor qualidade.


Conheça os inimigos da Reforma Agrária

Do Jornal Sem Terra

Depois de conseguir emplacar a CPMI contra a Reforma Agrária, os setores mais conservadores do Congresso Nacional passaram a escalar o seu time de parlamentares. Foram convocados inimigos do povo brasileiro para atuar na CPMI e nos bastidores. Esses parlamentares têm como características o ódio aos movimentos populares e o combate à Reforma Agrária e às lutas sociais no nosso país.

São fazendeiros e empresários rurais, que foram financiados por grandes empresas da agricultura e colocaram seus mandatos a serviço do latifúndio e do agronegócio. Nas costas, carregam denúncias de roubo de terras, desvio de dinheiro público, rejeição à desapropriação de donos de terras com trabalho escravo, utilização de recursos ilícitos para campanha eleitoral, devastação ambiental e tráfico de influência.

Essa CPMI faz parte de uma ofensiva desses parlamentares, que tem mais três frentes no Congresso. Até o fechamento desta edição, os nomes dos parlamentares indicados para a CPMI contra a Reforma Agrária já tinham sido lidos, mas os trabalhos não tinham começado. A CPMI pode se arrastar até junho de 2010. O Jornal Sem Terra deste mês de dezembro (nº 299) apresenta os deputados e senadores que estão na linha de frente na defesa dos interesses da classe dominante rural.

KÁTIA ABREU
Senadora (DEM-TO) / Suplente na CPMI

• Formada em psicologia.
• Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), eleita em 2008 para três anos de mandato. Foi presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (1995-2005).
• Dona de duas fazendas improdutivas que concentram 2.500 hectares de terras.
• Apresentou 23 projetos no Senado e apenas três foram aprovados, mas considerados sem relevância para o país, como a garantia de visita dos avós aos netos.
• Torrou 60% das verbas do seu gabinete com propaganda (R$ 155.307,37).
• É alvo de ação civil do Ministério Público na Justiça de Tocantins por descumprir o Código Florestal, desrespeitar povos indígenas e violar a Constituição.
• Integrante de quadrilha que tomou 105 mil hectares de 80 famílias de camponeses no município de Campos Lindos (TO). Ela e o irmão receberam 2,4 mil hectares com o golpe contra camponeses, em que pagaram menos de R$ 8 por hectare.
• Documentos internos da CNA apontam que a entidade bancou ilegalmente despesas da sua campanha ao Senado. A CNA pagou R$ 650 mil à agência de publicidade da campanha de Kátia Abreu.


RONALDO CAIADO
Deputado Federal (DEM-GO)
• Formado em Medicina.
• Foi fundador e presidente nacional da União Democrática Ruralista (UDR).
• É latifundiário. Proprietário de mais 7.669 hectares de terras.
• Dono de uma fortuna avaliada em mais de R$ 3 milhões
• Não teve nenhum dos seus 19 projetos aprovados no Congresso.
• É investigado pelo Ministério Público Eleitoral por captação e uso ilícito de recursos para fins eleitorais. Não declarou despesas na prestação de contas e fez vários saques “na boca do caixa” para o pagamento de despesas em dinheiro vivo, num total de quase R$ 332 mil (28,52% do gasto total da campanha).
• Foi acusado de prática de crimes de racismo, apologia ou instigação ao genocídio por classificar os nordestinos como “superpopulação dos estratos sociais inferiores” e propor um plano para o extermínio: adição à água potável de um remédio que esterilizasse as mulheres.

ABELARDO LUPION
Deputado federal (DEM-PR) / Titular na CPMI
• É empresário e dono de diversas fazendas (três delas em São José dos Pinhais).
• Foi fundador e presidente da União Democrática Ruralista do Paraná.
• É um dos líderes mais truculentos da bancada ruralista na Câmara dos Deputados.
• Faz campanha contra a emenda constitucional que propõe a expropriação de fazendas que utilizam trabalho escravo.
• Apresentou somente cinco projetos no exercício do mandato. Nenhum foi aprovado.
• Sua fortuna totaliza R$ 3.240.361,21.
• Fez movimentação ilícita de R$ 4 milhões na conta bancária da mãe do coordenador de campanha. É réu no inquérito nº 1872, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), por crime eleitoral.
• Sofre duas representações por apresentar - em troca de benefícios financeiros – uma emenda para as transnacionais Nortox e Monsanto na Câmara, liberando o herbicida glifosato.
• A Nortox e a Monsanto financiaram a sua campanha em 2002. A Nortox contribuiu com R$ 50 mil para o caixa de campanha; já a Monsanto vendeu ao parlamentar uma fazenda de 145 alqueires, por um terço do valor de mercado.
• Participou de transação econômica fraudulenta e prejudicial ao patrimônio público da União em intermediação junto à Cooperativa Agropecuária Pratudinho, situada na Bahia, para adquirir 88 máquinas pelo valor de R$ 3.146.000, das quais ficou com 24.
• Deu para parentes a cota da Câmara dos Deputados, paga com dinheiro público, para seis voos internacionais para Madri e Nova York.

ONYX LORENZONI
Deputado Federal (DEM-RS) / Titular na CPMI
• Formado em medicina veterinária. É empresário.
• Membro da “Bancada da Bala”, defendeu a manutenção da venda de armas de fogo no Brasil durante o referendo do desarmamento.
• Gastou 64,37% da verba do seu gabinete com propaganda (R$ 230.621
• Campanha financiada por empresas como a Gerdau, Votorantin Celulose, Aracruz Celulose, Klabin e Celulose Nipo.
• Teve apenas um projeto aprovado em todo o seu mandato.

ALVARO DIAS
Senador (PSDB-PR) / Titular na CPMI
• Formado em história. É proprietário rural.
• Foi presidente da CPMI da Terra (2003/2005), que classificou ocupações de terra como “crime hediondo” e “ato terrorista”.
• Não colocou em votação pedidos de quebra de sigilos bancários e fiscais de entidades patronais, que movimentaram mais de R$ 1 bilhão de recursos públicos. Não convocou fazendeiros envolvidos em ações ilegais de proibição de vistorias pelo Incra.
• Divulga na imprensa de forma ilegal fatos mentirosos sobre dados sigilosos das entidades de apoio às famílias de trabalhadores rurais para desmoralizar a luta pela Reforma Agrária.
• Não declarou R$ 6 milhões à Justiça Eleitoral em 2006. O montante é referente à venda de uma fazenda em 2002.


LUIS CARLOS HEINZE
Deputado Federal (PP-RS)
• Formado em engenharia agrônoma.
• É latifundiário. Dono de diversas frações de terras, totalizando 1162 hectares.
• Fundador e primeiro-vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (1989-1990).
• Seus bens somam mais de R$ 1 milhão.
• Nenhum dos seus projetos foi aprovado durante esta legislatura.
• Campanha foi financiada pela fumageira Alliance One, responsável por diversos arrestos irregulares em propriedades de pequenos agricultores.
• Defendeu o assassinato de três fiscais do trabalho em Unaí (MG), declarando que “os caras tiveram que matar um fiscal, de tão acuado que estava esse povo...”, justificando a chacina promovida pelo agronegócio (2008).
• É contra a regularização de terras quilombolas (descendentes de escravos), que representaria, para ele, “mais um entulho para os produtores rurais”.


VALDIR COLATTO
Deputado Federal (PMDB/SC)
• Formado em engenharia agrônoma. Proprietário rural.
• Foi superintendente nacional da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) (2000-2002).
• Foi superintendente estadual do Incra em Santa Catarina (1985- 1986) e secretário interino da Agricultura de Santa Catarina (1987).
• Desapropriou área de 1.000 hectares para fins desconhecidos na mata nativa quando presidiu o Incra, causando prejuízos de R$ 200 milhões para o poder público.
• Apresentou projeto que tira do Poder Executivo e do Poder Judiciário e passa para o Congresso a responsabilidade pela desapropriação de terras por descumprimento da função social.
• É contra a demarcação das terras indígenas e quilombolas.
• Autor do projeto que transfere da União para estados e municípios a prerrogativa de fixar o tamanho das áreas de proteção permanente nas margens dos rios e córregos. Com isso, interesses econômicos locais terão maior margem para flexibilizar a legislação ambiental e destruir a natureza.
• É um dos pivôs de supostas irregularidades envolvendo o uso da verba indenizatória na Câmara dos Deputados.

Nota política da UJC

Acesse o link do blog da UJC Brasil para acessar a Nota Política:
www.uniaodajuventudecomunista.blogspot.com

Honduras - América Latina livre

BOLETIM DE LUTA – I - 28/11/2009
(Resistência Hondurenha)

Tirzo Tarriuz e Marco Fonseca, membros da RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA, estão desaparecidos desde a noite de sexta-feira, dia 27. Estavam hospedados no Hotel Caribe, na Costa Norte de Honduras.

Movimentos internacionais pelos direitos humanos começam a se mobilizar para evitar que, tal e qual tem acontecido sistematicamente desde o golpe de julho que depôs o presidente constitucional do país Manuel Zelaya, seja torturados e assassinados pelo regime golpista controlado pelos Estados Unidos.

As eleições de cartas marcadas, para legitimar o golpe, foram marcadas por intensa e violenta ação dos militares hondurenhos, agentes da CIA lotados na base norte-americana em Tegucigalpa e agentes israelenses do MOSSAD, muitos dos quais agiram no cerco à embaixada do Brasil onde está o presidente Zelaya.

A população foi coagida a comparecer aos locais de votação, por meio de ameaças como perda de emprego, prisões, confisco de bens e pequenas propriedades.

Em todo o país o regime de terror é coordenado a partir do comandante da base militar norte-americana na capital hondurenha, que é também o comandante em chefe das forças armadas do país, inteiramente subordinadas às políticas golpistas dos EUA e com militares ligados ao tráfico de drogas.

A base militar dos Estados Unidos em Honduras existe desde a formação de grupos no governo Reagan para lutar contra a revolução sandinista na Nicarágua e agora treina militares de todos os países latino-americanos com capital em Washington e sob comando do Pentágono para golpes preventivos, como o presidente Obama chama a derrubada de presidentes que contrariem interesses do seu país, mesmo que sejam eleitos pela vontade popular.

Brasil, Venezuela, Paraguai, Argentina, Equador, Bolívia, Nicarágua, Guatemala e Uruguai já anunciaram que não vão reconhecer as eleições em Honduras. Há todo um esforço do governo dos EUA para fazer parecer que se exerce a democracia ali.

É a mesma "democracia" da prisão de Guantánamo (que Obama disse que fecharia, mas, demonstrando ser um mentiroso contumaz, não fechou) ou dos crimes contra o povo afegão e o saque do petróleo iraquiano, além das ameaças ao Irã.

O poder imperial se espalha pelo mundo.

O povo hondurenho resiste e continua a luta pela refundação do país sem norte-americanos, sem sionistas de Israel e pela vontade dos hondurenhos.

O PODER É DO POVO – ZELAYA É O PRESIDENTE

RESISTIMOS À BRUTALIDADE MILITAR E DOS EUA


FRAUDE

As primeiras informações acerca do acidente envolvendo um caminhão militar que transportava urnas com cédulas para as eleições presidenciais de domingo, dia 29, na tentativa de legitimar o golpe norte-americano/sionista em Honduras, dão conta que o caminhão foi incendiado por tropas do exército de Honduras diante da perspectiva inesperada de vistoria do referido caminhão por observadores internacionais de diversos países.

AS CÉDULAS TRANSPORTADAS NO CAMINHÃO E DESTINADAS A CIDADES DO INTERIOR DO PAÍS ESTAVAM PREVIAMENTE MARCADAS COM O NOME DO CANDIDATO GOVERNISTA PORFIRIO LOBO.

A decisão de explodir o caminhão através de um incêndio, mesmo matando soldados/zumbis do exército hondurenho, partiu do comando golpista em Tegucigalpa, capital do país e cujo quartel general é a base militar dos EUA ali localizada. Um laudo emitido às pressas, logo após o acidente, por uma guarnição do Corpo de Bombeiros, definindo o incêndio a partir de uma pane no motor do caminhão tem o objetivo de encobrir os fatos e permitir que a mídia norte-americana continue em toda a América Latina controlada pelos EUA, ou onde o país tem braços (GLOBO, BANDEIRANTES, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, RBS, e outros no Brasil) divulgando as versões oficiais dos golpistas e reforçando a posição dos EUA, do estado narco/terrorista da Colômbia, do Peru e da Costa Rica, de reconhecimento das eleições como fim do estado de golpe, mesmo que o poder não tenha sido devolvido a Zelaya, os acordos não tenham sido cumpridos e a ordem constitucional tenha sido violada.

Não reconhecem as eleições inclusive o governo da ESPANHA, além do BRASIL, EQUADOR, VENEZUELA, BOLÍVIA, PARAGUAI, NICARÁGUA, GUATEMALA, ARGENTINA e deve anunciar idêntica posição o governo de EL SALVADOR.

O PODER É DO POVO – ZELAYA É O PRESIDENTE

RESISTIMOS À BRUTALIDADE MILITAR DOS EUA