Derrotar Serra no 2º turno

Com o fim do primeiro turno das eleições, o cenário político não apresenta perspectivas de melhora para a classe trabalhadora. Os dois candidatos levados ao segundo turno foram escolhidos há bastante tempo por setores dominantes da sociedade brasileira. Somente com a organização de uma Frente Anticapitalista e Anti-imperialista permanente, que se estruture para além dos períodos eleitorais, será possível fazer o enfrentamento radical ao sistema capitalista no Brasil.

Em Nova Friburgo e em quase todas as cidades vizinhas, a ordem dos primeiros colocados na votação demonstrou o grau de maior conservadorismo do nosso eleitorado, profundamente influenciado pela mídia burguesa e pelos políticos de direita, que são maioria na região: o candidato demotucano José Serra foi primeiro colocado na grande maioria dos municípios. Uma das questões que podem explicar este resultado foi a despolitização extrema deste processo eleitoral, de que o PT e seu governo são também responsáveis, ao terem abandonado bandeiras históricas da esquerda e dos movimentos populares para disputarem com o PSDB e o governo FHC qual dos dois gerentes do capitalismo brasileiro conquistaram melhores índices de crescimento econômico e de distribuição de migalhas aos pobres.

Desta forma, acabou ganhando vulto o discurso dos moralistas e hipócritas de plantão, que descarregaram seu ódio contra o aborto e o casamento homossexual. Bispos, padres, pastores e mais algumas lideranças religiosas fazem o desserviço de guiar milhares de fiéis pelo caminho do obscurantismo medieval. Uma política pública de saúde digna num Estado laico exige a descriminalização do aborto, bandeira histórica do movimento das mulheres, em defesa do direito pleno aos cuidados com seu corpo. A união civil dos homossexuais já é uma conquista do movimento LGBTT. Retroceder em temas como estes é dar vazão a uma histeria fascistizante e impedir o aprofundamento das discussões sobre as questões sociais. E mais: é permitir que as próximas campanhas “moralizadoras” dirijam-se de forma ainda mais violenta contra os movimentos populares, as lutas dos sem-terra, sem-teto, operários e professores, já bastante criminalizados e perseguidos em vários Estados do Brasil.

O PCB não fará campanha para quaisquer dos candidatos em disputa no segundo turno e anuncia que estará na oposição contra qualquer um dos governos que sair vencedor no pleito. Mas, através da nota “Derrotar Serra nas urnas e depois Dilma nas ruas”, orienta os militantes e amigos do Partido a exercer o voto crítico no PT, considerando que um governo demotucano representaria a retomada do poder nas mãos da direita tradicional. Esta opção significa uma ameaça maior à organização e mobilização da classe trabalhadora, uma política de aprofundamento das privatizações e de precarização dos direitos sociais, a criminalização aberta dos movimentos populares e, principalmente, a ação desestabilizadora dos governos progressistas da América Latina, em comum acordo com o imperialismo estadunidense.

Comissão Política da Base Francisco Bravo
PCB de Nova Friburgo