Audiência popular expõe as feridas de Nova Friburgo

Há dois meses, Nova Friburgo e demais cidades da região, sofriam com a maior tragédia climática do país. Fruto de negligência de governos municipais, estaduais e federais durante décadas, a caótica situação dos moradores dessas cidades em nada mudou após as chuvas.

Em resposta à morosidade das autoridades encarregadas da reconstrução de Friburgo, partidos políticos (dentre os quais o PCB), movimentos sociais, associações de moradores, sindicatos e demais entidades, organizados em torno do Fórum do Movimento Sindical e Popular de Nova Friburgo, programaram audiência popular para exigir maior presteza dos governantes na solução dos problemas causados pelas águas de janeiro e pelo histórico de ocupação desordenada do solo.

No sábado, dia 12 de março, pela manhã, diversos moradores das áreas mais atingidas participaram do ato expondo os problemas de seus bairros e alertando a população de que a maquiagem realizada no centro da cidade não livra a cidade do caos que permanece nas periferias e bairros mais afastados.

Já não somos mais manchete principal dos jornais e telejornais de horário nobre. Já não somos mais cenário para programas oportunistas de TV que lucram com tragédias. Já não contamos mais com exército, diversos helicópteros e hospitais de campanha. O setor municipal de saúde já voltou à sua tradicional e conhecida insuficiência e superlotação. Famílias não recebem o aluguel social prometido por dezenas de autoridades durante os primeiros dias após a tragédia e se amontoam em abrigos improvisados sem assistência alguma.

No bairro de Olaria – felizmente pouco atingido pelas chuvas – famílias de outros bairros foram deslocadas para o antigo SASE, unidade de saúde do SUS. É visível a qualquer um a precariedade e o improviso que dezenas de famílias passam diariamente sem apoio algum de autoridades municipais. O pouco auxílio que recebem provém de incansáveis voluntários que resistem ao descaso governamental.

Somam-se ao abrigo de Olaria inúmeros outros casos. A construção de casas populares e obras urgentes de infraestrutura não saem do papel, e moradores das áreas de risco são obrigados a retornar às suas casas. Como se não fosse bastante, a especulação imobiliária corre solta na cidade. A carência de imóveis fez com que os preços dos aluguéis dobrassem em alguns casos.

Diante de tudo isso é necessário que a sociedade organizada participe ativamente do Fórum Sindical e Popular (reuniões às terças-feiras, às 17h, no Sindicato dos Trabalhadores do Vestuário – Av. Alberto Braune, 4 - 1º andar) para exigir providências rápidas e não permitir que a reconstrução da cidade vire objeto de exploração eleitoral no próximo ano. De igual forma, é urgente a retomada da discussão em torno do Plano Diretor da cidade, que, depois de aprovado na Câmara Municipal, virou letra morta. É inadmissível a perpetuação da política de crescimento desordenado, que somente leva em conta os interesses econômicos das grandes empresas e dos monopólios instalados em Friburgo. Vivemos um momento em que nunca foi tão visível a forma pela qual o capitalismo contemporâneo promove sua expansão: mercantilizando tudo à sua volta, destruindo vidas e meio ambiente.

O PCB e a UJC de Nova Friburgo, participantes desde a primeira hora do Fórum das organizações populares, conclama a todos a continuar na luta, pois somente organizados e mobilizados os trabalhadores e moradores das áreas atingidas pela tragédia conquistarão as mudanças necessárias.

Ousar lutar, ousar vencer!

Base Francisco Bravo e União da Juventude Comunista de Nova Friburgo
Partido Comunista Brasileiro (PCB)