A minha afirmação acima decorre do convencimento de que, numa sociedade de mercado, o voto também acaba se transformando numa mercadoria e, por conta disso, tem cotação. Este entendimento entre os revolucionários é fundamental. Não será o discurso aparentemente radicalizado, que irá, por conta apenas de um exercício de vontade, fazer que este estado de coisa mude.
Numa sociedade de economia de mercado, democracia é teoricamente o poder do povo. Na verdade, poucos se dão conta que o praticado de forma ordinária a cada dois anos é democracia indireta. Esta, em seu desdobramento, instala no legislativo e executivo, marujos de água doce que navegam com luz “própria”.
Sobre os ditos “representantes”, o povo não tem qualquer controle, não podendo cassar-lhes o mandato quando desviam da conduta deseja. Os eleitos, invariavelmente, são absorvidos dentro dos limites do ordenamento superestrutural jurídico-político da burguesia. Tendem à colaboração de classe ou, no limite, lançam loas acerca da cidadania empreendedorista, ou de inclusão social subalterna e rebaixada.
Nunca é demais lembrar que o ideário iniciado pela revolução burguesa de 1789 tinha, entre os seus princípios, a igualdade jurídica formal. Nunca pregou a igualdade social. Portanto, não podemos jamais perder de vista que a aparente igualdade entre ricos e pobres nos processos eleitorais liberais não passa de um sutil instrumento que tem por objetivo único a manutenção do status quo dos detentores dos meios de produção que sobrevivem da rapinagem social.
Não digo que participar do processo democrático burguês tenha que ser desprezado, mas a mudança verdadeira somente virá se formos capazes de contribuir para a efetiva formação e organização dos trabalhadores, de tal maneira que estes entendam e se reconheçam como principais protagonistas da transformação pautada pelos seus interesses enquanto classe produtora e explorada, deixando de ser classe em si para se transformar em classe para si.
Enquanto a democracia for compreendida apenas como o direito de votar dentro dos limites da institucionalidade burguesa, estaremos longe da desejada emancipação do proletariado.
Vivas à organização nos locais de trabalho!
Vivas à organização por locais de moradia!
Viva a democracia proletária!
Ousar lutar, ousar vencer.
Prof. Sidney Moura – Secretário Político do
PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB) DE NOVA FRIBURGO