É hora de ousar criar o novo.

Por Otávio Dutra*

É preciso Ousar para fazer diferente. Um novo momento para o movimento universitário em SC pode estar surgindo. Primeiro uma vitória histórica de Roselane - nascida nas lutas por uma universidade pública, gratuita e de qualidade – que venceu os setores mais conservadores da UFSC e da sociedade catarinense, que nunca antes haviam perdido a direção máxima da UFSC. Agora a vitória dos estudantes organizados na chapa Voz Ativa, com uma expressiva votação de mais de 3200 votos para o DCE, motivados por um programa fundamentado numa bandeira que está tomando peso nacional: a luta por uma Universidade Popular. O potencial dessas duas vitórias unidas pode ser muito maior que a soma das partes. É o momento mais importante que vive a UFSC em sua história: a UFSC pode ser pintada com as cores do povo!


Está chegando o momento em que nossas lutas não serão apenas de resistência: contra as tentativas de privatização, contra o sucateamento, contra o autoritarismo. Há anos o movimento universitário não tem um projeto para disputar a universidade brasileira, ficando refém dos ataques e, inclusive, com pouca capacidade de resistência, já que as lutas universitárias estavam restritas aos muros acadêmicos. É preciso avançar na construção de um projeto, uma estratégia que nos oriente e nos unifique, e assim partir para ofensiva.

Pintar a UFSC de povo, de oprimidos, de indignados, não é somente trazer os pobres para dentro dos seus muros. É preciso destruir os muros da academia, fazer da ciência e da técnica instrumentos a serviço de um projeto de sociedade, o projeto dos trabalhadores. Criar conhecimento para as lutas e as necessidades dos explorados e oprimidos pelo sistema capitalista. Criar conhecimento para a emancipação humana e não para a apropriação privada da riqueza. Criar conhecimento para a liberdade e não para dominação da maioria por um pequeno grupo de pessoas. Mas como fazer isso?

Não existem fórmulas, mas caminhos a trilhar. Um dos caminhos é tornar de fato indissociáveis o ensino, a pesquisa e a extensão universitária – indissociáveis das necessidades e das lutas dos oprimidos. Para isso, deve ser construída a mais ampla democracia possível dentro dessa universidade, desde suas estruturas de administração até os detalhes mais cotidianos, unindo movimentos populares e academia. Democratizar o conhecimento, da criação ao acesso. Democratizar todas as estruturas do movimento universitário (estudantes e trabalhadores) e criar instrumentos permanentes de integração com os movimentos sociais. Essas são as bases para a construção de outro poder – o poder popular – que contribui para a construção de outra hegemonia na sociedade, que hoje vive a hegemonia do capital: a hegemonia dos “de baixo”, anticapitalista.

Temos mais instrumentos que nunca para dar alguns passos importantes, uma reitora que surge das lutas e o germe de um movimento estudantil crítico, criativo e que não foge das lutas dentro e fora da universidade. O DCE pode ser um instrumento decisivo se souber como potencializar um forte e unido movimento por uma universidade popular. Colocar em segundo plano os disputismos dentro do movimento estudantil e priorizar a aliança com o povo. Deixar em segundo plano o sectarismo e disputar as consciências do sujeito povo para este projeto de novo poder. É hora de ser ousado na estratégia e nos métodos. É hora de ousar criar o novo. É hora de construir um movimento que lute por uma Universidade Popular!

Viva a vitória da Chapa Voz Ativa para o DCE da UFSC!
Viva o Movimento por uma Universidade Popular!

Otávio Dutra – ex-estudante de Arquitetura e Urbanismo na UFSC. Estudante da Escola Latino Americana de Medicina em Cuba. Militante da União da Juventude Comunista - UJC