La Habana, Esta Bela Indescritível

Viens-tu du ciel profond ou sors-tu de l´abîme,
O Beauté? ton regard, infernal et divin,
Verse confusément le bienfait et le crime,
Et l´on peut pour cela te comparer au vin.
Charles Baudelaire, "Hymne a la beauté"

Por Rose de Melo Rocha
Foto: Rita C.A.O.

Para a revista Nova-e

[...]
"Dor acolhida, surgem lembranças que podem parecer um chavão, e certamente o são, mas que são aquelas que, sim, constituíram meu imaginário juvenil, nos dias já distantes em que entrava na faculdade de comunicação social e descobria que existia um modo de atuar politicamente que correspondia aos meus mais impetuosos desejos, aqueles que, aos treze anos, eu nomeei, com uma amiga ainda presente, como o anseio de nunca me curvar ao sistema. O mesmo desejo que me fez também aproximar-me da militância estudantil, o desejo que fez também com que eu questionasse tantas das formatações e limitações que minha vida de jovem mineira de boa, tradicional e católica família deveria, por suposto, seguir ou cultivar. Sim, confesso, explodiram em mim, aos fragmentos, jorrando como um caleidoscópio enlouquecido, imagens de Fidel e Che Guevara, nem sempre em ordem de hierarquia ou grau de afecção. Eu finalmente chegava a Havana. E vinha, na bagagem, boa parte das coisas em que um dia acreditei e, sim, vinha na bagagem, um alguém, esta eu mesma, que continua acreditando em coisas diversas, intensas, portadoras e porta-vozes desta minha inesperada e exasperada existência, acreditando que tudo isto pode, ainda, ser condição de possibilidade".

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